Não basta o Oriente Médio e Ucrânia, Rússia também quer criar o caos na África

No coração da África, um jogo de xadrez geopolítico está em andamento, com a Rússia e os Estados Unidos movendo suas peças com estratégias distintas. O General Michael Langley, líder do AFRICOM, alerta para o sucesso russo em ganhar influência no continente.

Enquanto a Rússia enfrenta um conflito intenso na Ucrânia, com um investimento colossal em dinheiro e vidas, a África emerge como um teatro secundário, mas não menos importante. As baixas russas e as perdas de equipamento militar são um testemunho do alto custo da guerra. Ainda assim, a Rússia mantém sua posição como um desafiante estratégico global, estendendo suas operações de informação até a África.

O Kremlin, mestre da desinformação desde os tempos dos czares, usa táticas de propaganda para virar nações africanas contra o Ocidente. No Níger, por exemplo, a influência russa levou à expulsão das forças americanas. O Grupo Wagner, uma empresa militar privada, é frequentemente o executor dessas operações encobertas.

A importância da África não pode ser subestimada. Seus recursos naturais, relevância geopolítica e o combate ao terrorismo são vitais. Langley destaca que a África é um terreno fértil para ameaças à segurança nacional dos EUA. Rússia e China, aproveitando-se da corrupção, buscam ampliar sua influência, enquanto os EUA lutam para apoiar a liberdade e a ordem baseada em regras.

Os minerais críticos e as rotas marítimas africanas são essenciais para a independência tecnológica e energética dos EUA. Golpes de estado na África Ocidental desviam a atenção do combate ao extremismo, permitindo que grupos como Al-Qaeda e ISIS cresçam. A juventude africana e o rápido crescimento populacional são chaves para o futuro global.

Langley conclui com uma nota de cooperação: a USAFRICOM, junto ao Departamento de Estado e à USAID, está comprometida em ajudar a África a superar seus desafios. O sucesso ou fracasso na África refletirá diretamente no avanço dos concorrentes estratégicos dos EUA e no destino dos povos africanos.

Exemplos específicos de desinformação russa em países africanos?

Certamente, a desinformação russa em países africanos tem sido uma questão preocupante. Aqui estão alguns exemplos específicos:

Mapeamento da Desinformação: A Rússia tem sido pioneira em um modelo de desinformação para ganhar influência política na África, com pelo menos 16 operações conhecidas no continente. Essas campanhas visam confundir os cidadãos, criando falsas equivalências entre atores políticos e precipitando desilusão e apatia.

Influência no Níger: Em um caso notável, Moscou conseguiu, por meio de operações de informação, persuadir o governo do Níger a expulsar as forças dos EUA do país.

Russosphère: Uma coordenação de ativistas em diferentes redes sociais promove ideias antiocidentais e pró-Kremlin, ajudando a Rússia a expandir sua influência em ex-colônias francesas na África. Esta rede acusa a França de “colonialismo moderno” e elogia o presidente russo Vladimir Putin, enquanto difama o exército ucraniano².

Campanhas no Facebook: O Facebook descobriu campanhas de desinformação vinculadas a um oligarca russo que atuou em países como Moçambique, Camarões, Sudão e Líbia.

Esses exemplos mostram como a desinformação pode ser usada como uma ferramenta para moldar percepções e políticas, tendo um impacto significativo nas dinâmicas geopolíticas e na confiança entre nações.

Como os países africanos estão respondendo a essa desinformação?

Os países africanos estão adotando várias estratégias para combater a desinformação russa. Aqui estão algumas das respostas:

Conscientização e Educação: Alguns países estão investindo em campanhas de conscientização para educar o público sobre como identificar e desconsiderar informações falsas.

Parcerias Internacionais: Nações africanas estão colaborando com organizações internacionais e outros países para fortalecer suas capacidades de combate à desinformação.

Legislação e Regulação: Há esforços para criar ou reforçar leis e regulamentos que visam limitar a disseminação de notícias falsas e propaganda.

Tecnologia e Inteligência Artificial: O uso de tecnologias avançadas e IA para rastrear e desmantelar redes de desinformação está se tornando mais comum.

Diplomacia: Diplomatas africanos estão trabalhando para manter e fortalecer as relações com parceiros tradicionais, enquanto abordam as preocupações sobre a influência estrangeira.

Essas medidas refletem o compromisso dos países africanos em preservar a integridade de suas informações e proteger suas sociedades contra influências externas prejudiciais.

Ao nos aprofundarmos na complexa teia da desinformação e influência estrangeira na África, é crucial reconhecer o papel dos cidadãos e líderes africanos na definição do futuro do continente.

A África não é apenas um tabuleiro onde potências externas movem suas peças; é um continente vibrante, com uma rica tapeçaria de culturas, histórias e aspirações.

A juventude africana, em particular, está no centro de uma revolução digital e cultural. Com acesso a informações e tecnologias que transcendem fronteiras, os jovens africanos estão redefinindo o que significa ser informado e engajado. Eles estão criando novos espaços para diálogos críticos, questionando narrativas impostas e construindo uma visão de futuro que reflete suas próprias vozes e valores.

A desinformação, embora seja uma ameaça, também serve como um catalisador para a conscientização. Ela destaca a necessidade de uma mídia robusta e independente na África, capaz de investigar e desafiar falsidades. Iniciativas de fact-checking e jornalismo investigativo estão ganhando terreno, oferecendo uma contranarrativa poderosa às tentativas de manipulação.

Além disso, a crescente economia criativa da África está florescendo, com artistas, escritores e cineastas explorando temas de identidade, resistência e esperança. Essas expressões culturais são fundamentais para fortalecer a resiliência contra a desinformação, pois elas celebram a diversidade e promovem a compreensão mútua.

No cenário político, líderes africanos progressistas estão buscando reformas para fortalecer as instituições democráticas e promover a transparência. Eles entendem que a verdadeira soberania vem da capacidade de um país de controlar sua própria narrativa e proteger sua população das influências maliciosas.

A cooperação regional também é chave. Organizações como a União Africana estão desempenhando um papel vital na coordenação de esforços para combater a desinformação e promover a integração. A solidariedade entre as nações africanas é uma força poderosa que pode contrabalançar as agendas externas.

Por fim, a resposta à desinformação e à influência estrangeira na África é multifacetada. Envolve não apenas ações governamentais, mas também o empoderamento dos cidadãos, o fortalecimento da sociedade civil e a celebração da rica herança cultural do continente. A África está se levantando, com uma nova geração de líderes e cidadãos determinados a forjar um caminho de autodeterminação, inovação e crescimento sustentável.

Este blog é um convite para olhar além das manchetes e perceber a África em toda a sua complexidade e potencial. É um chamado para apoiar os esforços africanos em construir uma narrativa própria, uma que seja informada pela realidade no terreno e pelas aspirações de seu povo. A África está escrevendo seu próprio futuro, e o mundo deve prestar atenção.

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